"Viver é bom", proclamas

Ainda jovem patinho fez-se a praias distantes
E a noites perdidas.
A memória do primeiro ovo, o seu,
Atormenta-lhe o coração avícola.
A casca intemporal não é mais que um santuário,
uma guarida onde se pode refugiar à espera do dia
em que (outros) patos governarão o mundo...

É estranho. O ser humano já obteve tantas respostas para as suas perguntas através da ciência, sobre a vida, sobre o mundo que nos rodeia, até sobre uma coisa tão vasta como o universo. E não consegue responder àquilo que acontece todos os dias, o amor.

A ciência conseguiu descobrir como o nosso cerebro reage quando vimos alguém que não nos é indiferente, vi um programa sobre isso. Uma qualquer hormona vai desencadear as reações corporais que podemos verificar. É certo. É o que acontece quando vimos "a tal pessoa".

Mas afinal, o que define quem é essa pessoa? Porque é que eu me interesso por aquela pessoa e não por outra? E porque é que me interesso por ela sem a conhecer, sequer? É também a nível fisico, é certo, mas não é só isso. Há qualquer coisa na outra pessoa que mexe connosco sem ser o aspecto fisico. Mas afinal o que é? Será intuitivo? Então porque é que às vezes não somos correspondidos? Porque é que eu me interesso por alguém que nem repara em mim? Porquê essa pessoa? Porque não uma outra? Porque é que quando vimos que não vale a pena, não esquecemos? Porque é que continuamos com aquilo que doi?

Alguém me explica?

Eu confesso: é uma paixão! Eu sempre adorei os sapatos All Stars, quando era pequenina tinha uns amarelos e adorava-os. Ando há muito tempo para comprar uns, mas em Évora arranjar algo que não se use, é filme. Mas hoje foi o meu dia de sorte, fui a duas sapatarias, uma só tinha em azul e a outra quando perguntei... "só temos em preto". E eu "oh que chatice, era mesmo isso que eu queria!". E voltei para casa toda contente com os meus novos amores.

Olhem lá os meus meninos, tão lindos que eles são:

Ainda meio constipadita e em convalescência lá fui eu para a Presidencia Aberta Sobre Sinistralidade, estava mesmo curiosa. Não estava lá o Presidente mas também não fui lá para o ver. As minhas maiores espectativas iam para o hospital de campanha do INEM e a verdade é que foram superadas. Vimos um filme sobre o trabalho do INEM e depois os senhores fizeram as demonstrações que nós iamos pedindo. A sensação que eu tive foi: É isto que eu quero fazer!

A verdade é que sempre recusei a hipótese de ir para medicina, sempre me fez confusão o ambiente de um hospital e os balúrdios que alguns médicos ganham de forma desumana (alguns! eu disse alguns!). Mas o socorrismo sempre me tentou, acho fantástico o trabalho que eles realizam. Pois hoje pus a hipótese de seguir medicina e de trabalhar no INEM. As outras hipóteses continuam em aberto, aquelas que me foram surgindo, nenhuma está posta de parte e ainda tenho tempo para me decidir, mas a verdade é que a ideia de salvar vidas fala mais alto.

Hoje até vitima fui! Não tive escolha, deitaram-me no chão e lá fui eu socorrida (fotos em breve :x), para além do hospital de campanha ainda tive a oportunidade de entrar dentro de um carro e simular uma capotação (é assim que se diz?), pois digo-vos que a sensação é horrivel! Estive de cabeça para baixo dois segundos e achei horrivel quanto mais ter que ficar assim até me socorrerem... O sangue sobe à cabeça e sentem o vosso peso todo aí concentrado, é mesmo muito esquisito! Quando saí parecia que estava mocada.

No geral foi muito giro, recomendo. Quando a Presidencia Aberta passar pela vossa terra não faltem!

Beijinhos*

Vi outro dia na televisão uma reportagem sobre o Grupo de Teatro Terapêutico do Hospital Julio de Matos e fiquei espantada. Não sabia que existia e fiquei muito contente ao saber que ali o teatro serve para terapia e com sucesso!

«O Grupo de Teatro Terapêutico surgiu da ideia de um conjunto de médicos que trabalhavam nas terapias de grupo. O primeiro espectáculo foi apresentado em 1968, constituindo uma iniciativa revolucionária para a epóca. Ao longo dos anos, o projecto tem continuado e já foram realizadas 20 peças.
Os actores (...) sofrem de doenças mentais, tais como psicoses, fobias ou depressões e costumam ser encaminhados para este grupo para fazerem terapia. "A ideia é aproveitar o próprio processo do teatro para que as pessoas consigam ultrapassar as suas dificuldades pessoais", explica a terapeuta do grupo, Isabel Cristina Calheiros. "Maria", uma das actrizes, revela que "continua a ser um estigma muito grande ter um problema de cabeça" e, por essa razão, prefere dar um nome fictício. Está neste grupo há cinco anos e pretende continuar, pois considera isto o seu "segundo ninho." Manuela Almeida, uma estreante no palco, tem gostado bastante desta terapia porque tem-na "ajudado a memorizar coisas outra vez e a perder o medo de estar em público."
(...)Mostra, acima de tudo, um grupo de pessoas em palco, com as suas dificuldades, a tentar quebrar barreiras e a tentar actuar sem errar demais. A fragilidade e a exposição são comoventes. No final dos espectáculos, o público tem ainda a possibilidade, caso lhe interesse, de falar com os actores para desmistificar certos preconceitos, que, segundo os próprios doentes ,"ainda existem". »

in Diário de Noticias

Bem hajam e bem haja o Teatro também!